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Veneza raramente desilude. De todas as cidades, é provavelmente aquela que é mais pintada para os visitantes antes de sequer lá chegar – em livros, em telas, em fotografias e em filmes. E Veneza é mesmo tão maravilhosa como a pintam – cada pedaço belo, romântico, dourado, decrépito e deslumbrante dela. Aqueles cintilantes e translúcidos azuis, amarelos e rosas que vê nos quadros? São reais. Magníficos palazzos, como damas antigas decadentes; abóbadas brilhantes que trazem como contrabandistas um ar do oriente; gondolieri de camisolas às riscas agilmente manobram as suas elegantes gôndolas negras pelos estreitos canais; figuras mascaradas de capas esvoaçantes festejando o Carnaval – é tudo real.
Não há trânsito. O dia-a-dia é feito de barco. A fruta, os móveis e até o lixo são transportados por água. Passos e vozes enchem as ruas e às vezes apenas o silêncio, ou o bater duma proa dum barco de madeira na água, uma orquestra ao ar livre ou um gondolieri a cantar. Longe dos canais, as ruas estreitam-se e formam becos que nem a largura duma porta têm e depois, de repente, se abrem em luminosas praças onde brincam crianças, pessoas tomam café nas esplanadas, donas de casa param para conversar enquanto arrastam os sacos de compras com rodas. O escritor Henry James reparou que não existe ar-livre em Veneza, pois toda a cidade é como um gigantesco salon. É claro, hoje em dia oitenta por cento das pessoas que encontrará no salon são turistas. Mas isso não quer dizer que todos à sua volta estejam de férias – nem que todos estejam apaixonados.
Veneza foi outrora uma cidade muito rica. As suas igrejas e museus estão repletos de algumas das obras de arte mais magníficas de todo o mundo. Mas as mais valiosas recompensas de Veneza são dadas a aqueles que simplesmente se deixam perder nela. Este Web-guide irá ajudá-lo a fazer isso mesmo… e a aproveitar o melhor que esta cidade tem pelo caminho.
Quando devo visitar Veneza:
A principal época turística é entre Abril e Novembro, embora Veneza esteja sempre muito agitada durante o Natal, Páscoa e Carnaval (Fevereiro). O Festival de Cinema de Veneza (Agosto) e a Biennale (Setembro) fazem aumentar as multidões (e os preços). As alturas mais agradáveis para visitar esta cidade são no início e no final da época alta, quando a cidade está mais calma e o clima ameno.
O Verão pode ser muito agitado com turbas de gente a espremerem-se nas estreitas ruelas e a encher de forma desconfortável os vaporetti, encostados nariz a nariz no convés mínimo, ou apertados na cabine sem ar-condicionado. Algumas pessoas queixam-se do cheiro dos canais e das filas intermináveis para entrar nos museus – mas há um ambiente animado, quase festivo. Proliferam os vendedores e artistas de rua e os turistas de mochila às costas, e os cafés, restaurantes e esplanadas são uma animação. Veneza consegue ser também bastante agitada e festiva na altura do Carnaval em Fevereiro, com foliões mascarados a dançar pelas ruas. Contudo, vale bem a pena pensar em visitar Veneza no Inverno, pois é nesta altura que Veneza tem uma aura mais misteriosa, principalmente se nevar ou estiver nevoeiro, quando fica com um ambiente quase mágico. De repente, todas aquelas histórias de crimes e intrigas, ou aqueles negros romances policiais, parecem quase credíveis. No início da Primavera e no Outono Veneza tem um charme mais tranquilo e é muito mais fácil encontrar um restaurante com mesas livres e não se tem de esperar tanto tempo nas filas dos museus.
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Que clima encontro:
Julho e Agosto conseguem ser muito quentes e húmidos, com trovoadas à tarde. Janeiro e Fevereiro conseguem ser gélidos – embora Veneza quando neva é incrivelmente romântica. No Outono, ergue-se o nevoeiro da lagoa e cria um cenário digno de postal. As temperaturas durante o Verão oscilam entre os 30º e os 33º; no Inverno elas descem até aos 0º e os 3º. Chove um pouco durante todo o ano com picos na Primavera e no Outono – e durante aquelas tempestades de Verão.
Em determinadas condições de maré e tempestade, possíveis em qualquer altura do ano mas mais comuns no Inverno, Veneza pode ser vítima de acqua alta – “água alta” ou cheias repentinas. Soam sirenes de aviso e em algumas ruas são colocadas plataformas elevadas como corredores para que as pessoas se possam deslocar. Essas plataformas ficam muito cheias de gente e é comum haver engarrafamentos, por isso, se não tiver trazido as galochas ou botas de borracha é provável que fique com os pés molhados.
Locais que posso visitar:
O coração histórico da cidade está dividido em seis partes, o que faz com que aos bairros se dê o nome de sestieri (sextos). Cada um deles tem um ambiente subtilmente diferente e a sua própria atracção. Além dos seis sestieri há ilhas mais pequenas, também com ambientes muito próprios. Uma visita ao sestieri de San Marco é obrigatória. Depois, depende do que deseja aproveitar de Veneza – os soberbos museus em Dorsoduro talvez; uma amostra do dia-a-dia vulgar veneziano em Cannaregio, ou (um pouco mais longe) os sopradores de vidro na ilha nortenha de Murano, ou até um mergulho no mar no Lido.
San Marco é o coração da cidade e é onde se concentram alguns dos tesouros que não poderá perder – a Praça de San Marco, a própria Basílica de São Marco, o Palácio do Doge e a Campanile, as melhores vistas do Grande Canal e as pontes da Accademia.
Castello oferece algumas igrejas sublimes, como a magnífica Santi Giovanni e Paolo e várias belas praças, incluindo o movimentado Campo Santa Maria Formosa, uma piazza animada com um formato irregular onde se encontram turistas e venezianos no seu dia-a-dia.
Cannaregio é o sestiere que contém o famoso bairro judeu do Ghetto Vecchio e uma das mais esplêndidas extensões da Canal Grande, com muitos palácios fantásticos – alguns dos quais, como o Ca’d’Oro, estão abertos ao público
Os pontos altos da dupla de sestieri de San Paolo e Santa Croce são o mercado de Rialto – ainda no centro da vida comercial de Veneza mesmo depois de mais de mil anos e dois afamados pólos artísticos que são a igreja de I Frari e a Scuola di San Rocco bem perto, um deles albergando obras soberbas de Ticiano e o outro a obra-prima de Tintoretto.
Dorsoduro é o foco da vida nocturna em Veneza no Campo Santa Margherita e um dos museus de arte mais famosos do mundo, a Galleria dell’Accademia – e, caso queira variar e ver arte moderna, poderá visitar a igualmente famosa Colecção de Peggy Guggenheim.
Um pouco mais longe, La Giudecca e San Giorgio são onde poderá viver um pouco da vida quotidiana de Veneza e visitar estaleiros para ver o processo de construção das gôndolas.
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